Juazeiro, 2 de dezembro de 2009
1ª estAÇÃO literária UBUNTU
UM ENCONTRO DE SERES HUMANOS LIVRES – CONECTADOS
A 1ª estAÇÃO literária UBUNTU foi um encontro de pessoas que se deslocam a partir de lugares e pensamentos diversos ou não. A leitura é uma prática cultural, e como tal é importante afirmar que todos somos leitores. Entendemos o acesso como um ato democrático e importante na formação do comportamento leitor, mas ele isoladamente não garante a participação de todos. Quando projetamos a 1ª estAÇÃO literária UBUNTU sonhamos com a possibilidade de construir comportamentos, como por exemplo: na liberdade de escolha; de olhares ora assustados ora encantados, surpresos; de gestos autorizados no espaço; de interação com as diferentes práticas culturais e essencialmente a formação, ainda que “acanhada”, de uma rede de leitores. Um encontro entre diferentes territórios, entre os diferentes saberes - o espaço público e o privado. Um espaço poético, de denuncia(abandono e descaso com o patrimônio histórico) e propositivo, já que entendemos que a Estação literária tem compromisso e responsabilidade com as causas que defendemos nos dias 24 e 25/11 nos GALPÕES abandonados, da antiga FRANAVE.
IMPRESSÕES POÉTICAS DO “TREM DA ESTAÇÃO”
Estação Literária Ubuntu: um reinado de risos, inclusão e arte
(fragmentos do texto de Patrícia Braille)
Vi o milagre da união acontecer, quando um casarão em ruínas se transformou em castelo “da noite para o dia” [só quem esteve nos bastidores saberá que truque foi capaz de me dar essa ilusão].
“Ruy é rei!”. Ninguém duvidaria disso ao vê-lo pintando muito mais que o sete rodeado de crianças [e ele era uma delas].
A insegurança quanto ao local mais adequado para realizar a oficina de Braille se diluía no ar quando a voz de Martinália se espalhava como um recado do céu: “Don’t Worry be happy”... Salve, DJ Bandido!! Sua filha tem mesmo bom gosto musical, moço! Nunca pensei que fosse aclamar um Rei Bandido...
“Patie, vamos para a ‘Sala do Foguete’ que lá parece ser mais tranqüilo realizarmos a oficina”, convidou o Rei Ricardo, com aquela doçura imperativa.
Tapetes vermelhos, cortinas floridas, sorrisos estampando corpos que se expressavam na dança, nos abraços, nas músicas tocadas. O Velho Chico, emocionado, observava tudo e se mostrava mais bonito e profundo só para nos prestigiar.
O Sol chorava de alegria e chovia calor, como poeticamente dizia no livro Palavras Trocadas [em Braille e em Tinta!]. A temperatura alta, típica do Sertão, e o calor humano, típico de pessoas como nós, nos fazia conjugar o verbo ferver em todos os tempos e modos.
Ai, Juazeiro, não me peça que te esqueça... Talvez eu não seja Rainha, mas já me sinto meio princesa...
Patrícia Braille. Salvador, 28 de novembro de 2009
A ESTAÇÃO FAVORECEU
A estAÇÃO literária UBUNTU é um território educativo concebido para romper com a idéia da literatura apenas com fins comerciais; da leitura associada às prateleiras empoeiradas, romper com a cultura do show , do espetáculo, sem intervir no foco e no essencial. É um espaço poético, de denuncia e de proposição e assim favorecer a :
• A intimidade com o livro e com as diferentes práticas culturais
• Fomentar desejo e curiosidade, considerando o propósito da leitura por prazer;
• Entender o espaço não como uma situação “pontual”, mas como um diálogo na formação das práticas culturais e com ênfase nas práticas de leitura.
• Aguçar a curiosidade sobre os processos de inclusão e aprender a partir de seus desafios diante de uma sociedade individualizada e marcada pelo preconceito e ampla desigualdade social;
• Valorizar o patrimônio material e imaterial como elementos de identidade;
LIÇÕES APRENDIDAS
A Estação se desafiou construir novos comportamentos questionando que só o acesso a quaisquer bens que sejam, não é suficiente, apesar de importante. É preciso então mobilizar outros tantos elementos!
Com essa experiência sensível da Estação aprendemos que:
a) É preciso ter coragem e apostar no ser humano; CRER para VER.
b) É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã (Renato Russo);
c) Se fazer só, é perder a oportunidade de aprender;
d) É possível dialogar com os diferentes territórios educativos para que o lugar de cada ‘um’ possa ser apreendido;
e) As crianças são a expressão da esperança. Seus olhos anunciam que “UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL”!
f) Os olhos não são a principal condição para ler. A leitura é, sobretudo, produto da sensibilidade;
g) São múltiplas as vozes da denúncia! Os olhos sedentos denunciam! A voz firme denuncia! As limitações vencidas denunciam!
g)Leio para ser melhor para alguém e não para ser melhor do que alguém;
h) A Estação não matou a nossa fome. Alimentou o nosso desejo!
.....”Você entrou no trem e “NÓS” na ESTAÇÃO...”
O QUE A ESTAÇÃO PROPÕE
1. A leitura não pode ser privilégio de alguns. Os acessos têm de ser múltiplos e plurais para os que enxergam com os olhos e os que enxergam com outras habilidades;
2. Fomentar um novo comportamento leitor: É preciso LIBERTAR as crianças da prisão das “regras” da cultura do “NÃO” como se elas não tivessem condições de decidir, de optar, de querer e de desejar; de ler o que escolher;
4. Investir na educação do olhar para que eles alcancem o não explícito e compreendam o mundo para além do óbvio!
5. Reconhecer que os preconceitos não estão superados. Reconhecê-los é condição para seu enfrentamento;
6. Investir nos potenciais locais pela sua diversidade e pluralidade;
7. Apostar na diversidade, nas diferenças, nas múltiplas experiências;
8. Ampliar o debate sobre inclusão nas comunidades, escolas, meios de comunicação.
9. Investir na reconstituição da memória histórica do município para implementar o desenvolvimento da memória do presente;
10. Recuperar, restaurar e preservar o patrimônio histórico material e imaterial dando uma nova função considerando as demandas da contemporaneidade;
11. Recuperar a visão do patrimônio histórico material e imaterial como elementos de identidade de um povo. Como produto de suas lutas e construções históricas;
12. Investir na sensibilização da comunidade, educando o olhar para o sentido do cuidado, do coletivo do “meu que é seu”.
13. Apostar nas escolas como territórios educativos na construção da autonomia;
14. Investir na criação de um arquivo público digital em múltiplas linguagens, do patrimônio material e imaterial;
15. Tornar público a Lei do Patrimônio já existente no município construído na gestão de 2001;
16. Instaurar um processo de sociedade inclusiva a partir do enfrentamento das desigualdades sociais;
EU EXISTO PORQUE VOCÊ EXISTE
A Escola Recanto do Pequeno Príncipe, Ubuntu e Livraria Officium agradecem a todos que visitaram e compartilharam dos múltiplos conhecimento concebidos, trocados e construídos na ESTAÇÃO LITERÁRIA UBUNTU.
2 comments:
Oi umbutu, estou realmente encantada e envolvida. Parabéns pela vitória
Oi Ubuntu, eu existo por vc e por mim. Estou encantada e envolvida. Parabéns
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